Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Personificação vivida e criativa de diversos pontos de cisão e passagem do UK Hardcore Continuum desenhado por Simon Reynolds, Sully tem baralhado as coordenadas espácio-temporais mapeadas por este último ao longo de anos e postuladas em 'Energy Flash' trazendo partículas do jungle, 2-step, grime ou dubstep para fora da sua cronologia. Nesse processo de reordenação contínua, incita a cruzamentos mais ou menos subliminais com o footwork ou o trap, como quem imagina uma cartografia fluída onde memórias do passado são sentidas para o presente e indícios de futuro, sem poiso. Nascido Jack Stevens e parte activa da comunidade clubber que se ia criando em Norwich, Sully tem mantido uma relativamente discreta mas constante actividade que recua até 2007, e que após uma mão cheia de EPs teve como primeiro verdadeiro tratado o álbum 'Carrier' em 2011. Lançado pela Keysound de Dusk & Blackdown, 'Carrier' revelava à altura uma saída necessária dos confins mais bovinos do dubstep, recolhendo do género suas noções de espaço e pressão prévias, para encetar novo arranque aos padrões rítmicos do 2-step que lhe deram origem nas criações proto-dubstep de El-B ou Horsepower Productions, mas com plena consciência das ligações umbilicais à gelidez eski e à fluidez do jungle.
Após mais alguns EPs, 'Escape', novamente na Keysound em 2017, consolida essa linhagem, trazendo para à mesa marcações mais vincadas de footwork ou ambient que continuam hoje a ser continuamente imiscuídas com naturalidade num som breakado que tem revitalizado - e abrindo caminho a uma tendência notória nos dias de hoje - a vertigem e potencial infinito do jungle. Sem um longa duração desde então, Sully tem-se confinado ao universo sempre premente dos 12" através de editoras como a Rupture London, Astrophonica, Future Retro London ou na sua Uncertain Hour, deixando um rasto de bangers como 'Werk', 'Soundboy Don't Push Your Luck' ou 'Epoch' que tanto evocam a precisão cinética de Photek como o espírito meditativo de Dillinja ou a rugosidade cibernética do tech-step, sem nunca cair no diletantismo vazio ou revisionismo desses templates, mas sim na reconfiguração constante. De sempre, do agora.
Abertura de Portas
21:30
Preços